terça-feira, 27 de julho de 2010

Escafandro


Que dor estranha é essa? Sinto um vazio imenso . . .
Tantas palavras guardadas em caixotes lacrados que não foram usadas... Agora é tarde, são velhas, não têm mais valor!
Elas só ocupam espaço aqui dentro, as novas se acumulam, se fecham em outros caixotes e eu os lacro.
Sentimentos batem a todo momento neles, querem libertar as palavras, entregá-las aos seu verdadeiros donos, mas é bem difícil tira-las lá de dentro, pois usei a vergonha e o orgulho como lacre e infelizmente isso impede que os sentimentos mais nobres abram as caixas sem causar estragos.
Só há um jeito, explodindo tudo, mandar tudo pro ar...
Imagino como seriam as palavras, que um dia estiveram presas, fazendo uma grande revolução, começando do meu interior e indo para o exterior; saindo por meus olhos, minha boca, minhas mãos, meus gestos, todo meu corpo e sendo entregues a pessoas que precisam delas, mesmo sendo velhas (apesar de nunca terem sido usadas).
Infelizmente eu só imagino, crio ilusões para compensar o que nunca foi feito.
As palavras continuam aqui dentro, presas, lacradas.
A dor continua . . .
O vazio continua imenso... e eu continuo me perguntando o porque de não conseguir preenche-lo com tudo que guardo dentro de mim . . .