sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Janela dos mundos


Hoje olhei pela janela da sala e vi bem mais que o muro da minha casa, as árvores, a serra...
Vi um mundo todo em branco, onde eu poderia escrever o que quisesse, inventar minha própria história, deixar as imperfeições do meu mundo para trás e desenhar somente coisas boas.
Comecei a pensar nas grandes coisas que poderia fazer, o poder estava em minhas mãos, imaginei eu: se eu fizer algo que não goste, simplesmente passo a borracha e apago, não poderia estar mais feliz naquele momento, porém, eu teria que pagar um preço, só poderia escrever e desenhar à lápis. Tá certo que para um bom artista ou um bom escritor, isso não impede que a obra fique perfeita no final, mas... não sei desenhar, muito menos ecrever... Tentei achar linhas para começar a escrever do jeito que eu achava que sabia, mas não achei, era um silêncio total, tudo branco... comecei a fazer linhas, saíram tortas. Apaguei e refiz. Nunca estava satisfeiro, quanto mais eu apagava, mais marcado o "branco" ficava. Percebi que de nada adianta apagar algo que fiz e não gostei se as marcas irão ficar; e não importa o quanto eu escreva por cima, sempre que olhar com atenção verei pequenos traços do erro que permaneceu ali.
Comecei a sentir falta das imperfeições daquele mundo que já estava todo escrito, das cores que eu não gostava, dos borrões , dos erros que eu não podia apagar, mas bastava eu pintar com uma cor bem forte que ele desaparecia para sempre...
Nesse mundo em branco, tudo que eu queria era não passar por momentos ruins, ser sempre alegre... Poderia ser assim, poderia escrever e desenhar coisas que me deixasse alegre, mas feliz eu não seria, pois sentia falta do mundo todo escrito, rabiscado, pintado, borrado...
É bom perceber a tempo que momentos ruins, alegres, tristes, de solidão, de choro e de riso são só momentos, mesmo passando por isso posso ser feliz, pois isso tudo, repito, são MOMENTOS, felicidade é uma CONSTANTE. Feliz é SER; não ESTAR.
Olhei para a janela da sala novamente e vi bem mais que o muro da minha casa, as árvores, a serra...
Vi que a porta estava aberta. Decidi sair por ela e descobrir as perfeições no meu querido mundo todo escrito, rabiscado, pintado, borrado e imperfeito.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Escafandro


Que dor estranha é essa? Sinto um vazio imenso . . .
Tantas palavras guardadas em caixotes lacrados que não foram usadas... Agora é tarde, são velhas, não têm mais valor!
Elas só ocupam espaço aqui dentro, as novas se acumulam, se fecham em outros caixotes e eu os lacro.
Sentimentos batem a todo momento neles, querem libertar as palavras, entregá-las aos seu verdadeiros donos, mas é bem difícil tira-las lá de dentro, pois usei a vergonha e o orgulho como lacre e infelizmente isso impede que os sentimentos mais nobres abram as caixas sem causar estragos.
Só há um jeito, explodindo tudo, mandar tudo pro ar...
Imagino como seriam as palavras, que um dia estiveram presas, fazendo uma grande revolução, começando do meu interior e indo para o exterior; saindo por meus olhos, minha boca, minhas mãos, meus gestos, todo meu corpo e sendo entregues a pessoas que precisam delas, mesmo sendo velhas (apesar de nunca terem sido usadas).
Infelizmente eu só imagino, crio ilusões para compensar o que nunca foi feito.
As palavras continuam aqui dentro, presas, lacradas.
A dor continua . . .
O vazio continua imenso... e eu continuo me perguntando o porque de não conseguir preenche-lo com tudo que guardo dentro de mim . . .

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Prazer, Sr. Hyde!


Não entendo o problema de ter um mundo só meu.
Sou doido, maluco, ruim das idéias?? pode ser, mas meu mundo é melhor que o de muita gente.
Lá eu tenho trilha sonora para cada momento... cada ocasião.
Posso pausar um dia bom e fazê-lo durar o quanto eu quiser, ver em slow motion as folhas da minha floresta imaginária balançando com o bater do vento, rasgar meus sonhos feitos de papel e reconstruí-los com o que e como eu quiser, pintar meus dias cinzas de azul...
Mas o melhor disso tudo é não me preocupar em descobrir quem eu sou, pois aqui no mundo real, isso dói... Quanto mais descubro quem realmente sou, mais dói . . .
Não saber quem você é, é ruim! Mas tentar descobrir quem você é, é pior ainda.
Sabe quando alguém que nem imaginamos existir é descoberto e começa a aparecer com mais e mais frequência a proporção com que vamos o conhecendo?? pois é...
Cheguei a conclusão de que quando tentamos entender quem somos, podemos descobrir e despertar um monstro que nem imaginavamos existir e isso é perigoso.
Por isso eu digo: prefiro ser um doido varrido, com um mundo que criei só para mim de modo que nele eu não precise saber que sou a ficar tentando descobrir quem sou e ser um lúcido monstro vivendo no mundo real.
Vivo alguns poucos momentos nesse tal mundo 'real' por obrigação, mas para mim, o meu real é o que imagino, o que criei; e espero mesmo que um dia todos tenham seu mundo imaginário para que o mundo real seja um pouco melhor e não seja habitado por monstros reais.

domingo, 13 de junho de 2010

Holofote [Não quero mais sua luz, aponte para eles]


Ás vezes tento ser o mocinho da história, luto com todas as forças contra o malfeitor, paro tudo o que estou fazendo e penso somente no bem do próximo;esqueço de mim e sou capaz de dar a vida por eles.
MAs hoje me sinto diferente, não estou para herói, essa vida cansa, é ingrata.
Descobri que ser vilão é bem mais interessante! As pessoas pelas quais os heróis arriscam a vida preferem o vilão,mesmo não admitindo.aliás, todos nós preferimos, até os próprios heróis.
O lado mau das coisas até que é bem interessante;
Herói ninguém mais quer ser, no mínimo um 'anti-herói' à wolverine, Jack sparrow, V for Vendetta e por aí vai...
Quanto tempo perdemos sendo 'superman' quando na verdade poderiamos ser um Luthor, afinal, será que alguém prefere falar coisas do tipo ' para o alto e avante' a falar coisas do tipo 'Os demônios estão nos pequenos detalhes' ?
Apesar dessas constatações sobre a tal 'superioridade' dos vilões, eu também não estou para um deles ou para anti-herói.
Hoje estou para figurante, quero observar os detalhes, me divertir com a imbecilidade e sorte dos heróis e com a genialidade e o azar dos vilões. Não quero mais aprender com meus erros nas tentativas de ser herói; sim aprender observando o erro alheio.Também não sei se algum dia vou tentar ser um vilão,apesar de ser bem tentadora essa opção,não sei... eles têm azar.
Por enquanto vou continuar sendo um 'simples' figurante e só observar, observar e observar...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O cruel e tirano Chronos! (Viva Kairos!)


Os ponteiros do relógio param algumas noites.
Eu fico aqui, entre as parades que mais parece prisão,tentando entender o tempo; ô coisa complicada! por que ele insiste em passar quando não queremos? Por que ele demora quando queremos mais é que ele passe? estou começando a achar que ele é mais um que conspira contra mim, melhor, tenho certeza.
Alguns falam que "o tempo cura a dor", que "o melhor remédio é o tempo"...tá, tá, vou considerar uma pequena possibilidade de estarem certos esses "ditos populares", mas não consigo os engolir muito bem.
Sabe...eu quero A noite, aquela em que os ponteiros do relógio ficam parados,que são intensas, entre caos e candura... aquela em que a inspiração segura a mão e não quer mais soltar, aquela em que um e-mail, scrap ou um sms simples parece uma carta de amor longa e ridicula que me faz voar; sonhar sem precisar dormir! Mas... quando menos se percebe a luz do dia vai apagando a noite, os ponteiros do relógio começam a se mover lentamente, os olhos vão ficando pesados, o corpo já não responde bem...
É tempo, às vezes quero te matar pra você me deixar em paz, não gosto muito de você... se bem que no final, como diz o mestre, você vai me enterrar!
Então, sei que não posso contra você,mas te provocar eu posso e o farei!
Tenho uma coisa que você não poderá me tirar[como fez/faz com minha noite],a estrela que escolhi na noite em que você não estava... essa fica guardada no meu céu particular; essa eu te desafio me roubar, tente apaga-la, tente !!!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

The boy who could fly


Luz artificial, vultos, vozes, sombras, objetos lançados ao ar, janela aberta,varanda, muro, grades, árvores, casas, prédios, torres, montanhas, nuvens , aviões ; lá estava ele...
O menino que um dia escapuliu da terra e saiu voando, sem destino, sem culpa. Falava com pássaros, escorregava em arco-íris, via cores que ninguém podia ver, cantava com o vento, (re)inventava notas musicais com o 'silêncio' lá de cima.
O dia dele nunca era solitário. Pela manhã o sol era seu melhor amigo, nunca se escondia dele; o menino sabia que às vezes o sol não gostava de aparecer para alguns que estavam lá em baixo, mas sabia o grande segredo, pois ele havia lhe contado um dia:
- Menino, quando eu me esconder, voe acima das nuvens, pra você eu nunca estarei ausente!

O menino nunca ouvira tal coisa, ficou maravilhado; mas logo lhe veio um pensamento e perguntou ao sol:- Mas e à noite? como você estará comigo?

Ele respondeu: -às vezes você não me verá, mas me mostrarei através da lua; ela é meu espelho. Ou então vá para o outro lado do mundo e me encontrará, sempre estarei ao seu alcance.

O menino então pensou: - A lua é o espelho dele...vou voar até lá e sempre poderei vê-lo de frente para ela.

Então até a lua ele foi, chegando lá descobriu algo que o surpreendeu: o tempo simplesmente não existia, nem dia, nem noite...nada assim.
Viu infinitas possibilidades, o universo o chamava; cantava o nome dele... e ali o menino já não existe mais, o menino É!
Então começou a escrever uma carta de despedida para o sol e outra para a lua. Agradeceu ao sol pela incrível bondade e a lua por ser um complemento daquele que em instantes se tornou seu melhor amigo. Disse aos dois que infelizmente teria que partir, pois algo maior que a vida o estava chamando e se ele não fosse não conseguiria ser feliz, pois sempre iria imaginar o que poderia ter visto e encontrado se tivesse ido.
Então foi... foi...foi...ficava menor à medida que se afastava.
Nunca mais deu noticias, voou tão alto e tão longe que nunca mais foi visto.
Uns arriscam dizer que ele foi feliz para sempre; outros dizem que isso é impossível; pois o para sempre, onde ele 'está', não existe; alguns simplesmente querem aprender a voar como o menino para algum dia encontrar o que ele encontrou...